Em 2010, um homem chegou a uma sala de emergência em Verona, Itália, com falta de ar, sudorese, e pressão arterial baixa – problemas cardiovasculares, sem dúvida.
Os médicos que o atenderam viam sintomas semelhantes o tempo todo. Mas este homem tinha algo de muito diferente: dois corações. “Nunca tinha visto nada semelhante a este caso”, comentou o Dr. Giacomo Mugnai.
Os médicos descobriram que, alguns anos antes, o homem tinha sofrido um procedimento conhecido como transplante cardíaco heterotópico. Ao contrário de um transplante ortotópico, em que um órgão é removido e outro posto em seu lugar, um transplante heterotópico coloca um novo órgão ao lado de um doente.
Esse tipo de procedimento ocorre às vezes em pacientes cardíacos ou renais. Os cirurgiões podem deixar um rim ou coração no seu lugar se for muito difícil tirá-lo, ou se há esperança de recuperá-lo, após um período de tempo sendo ajudado pelo novo órgão.
No caso do italiano, a equipe de transplante tinha acasalado seu coração com um novo, pois o primeiro estava funcionando de forma ruim. As câmaras e vasos sanguíneos dos dois corações se “casaram”, para que o novo coração apoiasse o antigo.
No entanto, há um risco nisso: o paciente pode desenvolver dois ritmos cardíacos independentes, especialmente em um cenário onde um coração fica um pouco melhor.
Isso é o que aconteceu com o italiano de 71 anos de idade. No início, os médicos tentaram tratamento medicamentoso para corrigir o problema de disritmia, mas sua pressão arterial continuou a cair e, eventualmente, seus corações pararam, ele perdeu a consciência e parou de respirar.
Um choque com um desfibrilador cardíaco trouxe o homem de volta à vida. Em seguida, os cirurgiões substituíram seu marcapasso implantado, e o homem continua saudável hoje, ainda com dois corações.
Segundo os médicos, tais procedimentos são extremamente raros nos dias de hoje. Na década de 1990 e na década de 2000, as máquinas externas chamadas de dispositivos de assistência ventricular poderiam ser usadas para fazer o trabalho do segundo coração, mas eram enormes e muito caras.
Sendo assim, colocar um segundo coração era uma alternativa viável. Hoje, porém, os dispositivos reduziram de tamanho, e se tornaram gerenciáveis e portáteis. Felizmente, os médicos bem treinados que atenderam o italiano estavam conscientes de que algumas pessoas ainda andam por aí com dois corações. Será que isso tem alguma vantagem?
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