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quarta-feira, 4 de maio de 2011

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Posso beber minha própria urina?

Por mais nojento que pareça, pode. A urina já foi considerada uma bebida saudável e da moda por diferentes civilizações, durante séculos.
Celtas na Península Ibérica faziam gargarejos com xixi para branquear os dentes cerca de 50 anos antes de Cristo.
“Amaroli” é uma palavra vinda do sânscrito, que se refere à urinoterapia, que é a prática antiga de ingerir o líquido amarelado logo pela manhã, como se fosse um remédio matinal.
O famoso escritor JD Salinger era conhecido pela sua obra “O Apanhador no Campo de Centeio” e por beber seu próprio xixi, ato compartilhado pelo ex-primeiro ministro da Índia, Morarji Desai, que até fez uma aparição especial no canal de TV estadunidense CBS para defender o seu hábito.
Ainda assim, beber sua urina não traz nenhum benefício conhecido para a saúde. O xixi é composto por pelo menos 95% de água. Os 5% restantes não são muito bons para você, tendo em vista que seu corpo está querendo se livrando deles.
Ele transporta o excesso de eletrólitos, como sódio, cloreto e potássio. A urina também carrega traços pequenos do excesso de toxinas na forma de ácidos a partir de seu rim, mas você precisa beber muito para fazer estragos.
Os eletrólitos permitiem que algumas das nossas células conduza eletricidade, porém muito sódio extrai água de nossas células, desidratando-nos. Muito potássio, por sua vez, pode levar a um ataque cardíaco.
“Pense nisso como beber água do oceano”, compara Jeff Giullian, nefrologista da Associação de Nefrologia de Denver, Colorado, EUA. “Vai desidratá-lo e causar mais danos do que benefícios”.
Dan Woolley discordaria. Ele passou 65 horas preso sob os escombros do Hotel Montana no Haiti após o terremoto do ano passado e atribui sua sobrevivência parcialmente ao fato de ter bebido sua própria urina.
Especialistas em sobrevivência, entretanto, têm opiniões conflitantes. Bear Grylls, apresentador do programa de TV “Man vs Wild” (Homem vs Natureza Selvagem), aconselha a prática – Woolley conta que foi o próprio Grylls que lhe ensinou o truque -, enquanto Les Stroud, apresentador do programa “Survivorman”, do canal Discovery, não acredita nos poderes da urina, mesmo em situações extremas como a de Woolley.
O Manual de Sobrevivência do Exército dos Estados Unidos inclui urina na lista de “não beba”. No entanto, Aron Ralston, um aventureiro que ficou com seu braço preso sob uma rocha e foi obrigado inclusive a cortá-lo para se livrar, também ingeriu seu xixi – e sobreviveu. A história foi retratada no filme “127 Horas”.
Cada caso é um caso, mas de uma forma geral beber urina para sobreviver é ainda mais prejudicial, pois a desidratação a torna menos diluída e os eletrólitos e os ácidos estão presentes em maior concentração, fazendo uma má situação ficar ainda pior.
E é nojento.

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